Detalhes sobre Sistemas FMs, Mini Mic 2+ e Clip Phone

1. Easy Listener – fabricado em 1994:

A partir de 1999, o sistema FM chegou ao Brasil, quando retornei a consulta do centrinho, em Bauru, uma das fonoaudiólogas nos deu informações sobre o Sistema FM, experimentei ele poucas horas. A mãe fez teste comigo, eu lembro perfeitamente o que ela disse: “Gostou desse?”, e eu falei que sim.

Meus pais compraram, apesar do valor absurdo, mas precisava melhorar audição sem ruído em ambiente escolar. No mesmo ano, aos meus 7 anos, eu comecei a usar o primeiro sistema FM na segunda série (hoje, segundo ano) até quinta-série depois que o aparelho pifou. Aí parei de usá-lo por tempos. Em 2004 quando comecei a usar o ESPrit 3G, uma das fonoaudiólogas me chamou para experimentar com o ESPrit 3G, detalhe: não funciona!

Sobre adaptação com sistema FM na sala de aula, minha fonoaudióloga me acompanhou desde meus 4 meses de vida até meus 15 anos, ela foi chefe da creche IPÊ Amarelo. Quando perdi minha audição, ela começou a sessão de fonoterapia comigo na creche e fazia fonoterapia particular 3 vezes por semana. Desde então a fonoaudióloga resolveu ir à minha escola, com a minha mãe e fizeram uma reunião com a maravilhosa professora (uma pena que perdi contato dela), mostraram o sistema FM a professora. Foi muito bom. Quando a aula começou, ela explicou para todos os alunos para explicar o que é, como funciona e tals. Alguns colegas já conseguiram se adaptar com um par de microfone de sistema FM, me ajudaram bastante.

Anos 1996, eu tinha apenas cincos anos, recebemos um livro se chama “Texto Didáticos do Seminário sobre Sistema de Frequência Modulada: conceituação, caracterização e indicação”, pela autora Maria Cecília Bevilacqua e pelo professor convidado Arthur Boothroyd, entregue aos pais de usuários de Implantes Cocleares durante reunião no Centrinho de Bauru.

A Doutora Cecília orientou como utilizar o FM nas aulas e falou sobre a importância do dispositivo para o entendimento do aluno implantado. A principal vantagem apresentada foi a diminuição e até eliminação dos ruídos externos e das conversas paralelas, concentrando a audição na fala do professor.

Um ponto negativo é que o aluno implantado não escuta as perguntas de outros colegas dirigidas ao professor, então ela explicou que o professor deveria repetir as perguntas para que o implantado as ouvisse. Só que isso ocorreu pouco na prática.

Outro ponto negativo foi a rejeição de alguns professores à utilização do FM, seja por insegurança ou por desconfiança. Também, nem todos tinham os cuidados necessários com o dispositivo. Não desligavam quando saíam da sala de aula, nem retiravam quando em contato com água ou outros materiais que podiam danificar o dispositivo.

O principal ponto positivo é que os pais relataram que houve muito avanço na compreensão dos estudos a partir da utilização do FM.

Aos meus 8 anos, ainda lembro exatamente da terceira série, fui conversar com umas das colegas mesmo usando um par de sistema FM, as gurias resolveram pegar um par de sistema de FM com microfone sem eu olhasse para fazer surpresa, a frase de umas colegas: “Oi Larissa, tá me ouvindo?" e virei pra trás, olhei para elas, falei assim: “Para” e a gente riu.

O que eu odiava é quando tirava o fio da Easy Listener no dispositivo Spectra 22 que ouvi barulho, depois me acostumei. Jamais reclamei. Para mim, significa que foi a melhor experiência que já tive: consegui entender as palavras perfeitamente, também consigo entender algumas sem ler os lábios.

Bons tempos! Nunca, nunca e nunca esqueço de uso Easy Listener!

2. SmartLink+ Phonak, fabricado em 2003.

Depois de anos sem uso, então, em 2011, eu estava fazendo faculdade na época, nas férias de julho, resolvi experimentar o de Phonak numa loja de aparelhos auditivos aqui em Florianópolis. A fonoaudióloga me surpreendeu porque eu escutei muito bem com sistema FM com Freedom. Compramos por um valor absurdo, segundo semestre consegui vaga de mobilidade da UFSC, mesmo sendo férias de julho, nós conseguimos marcar uma reunião com a responsável pois na época não tinha acessibilidade. Conseguimos marcar uma reunião com a coordenadora do curso da faculdade, conversávamos bastante. Foi muito bom.

Quando começaram as aulas em agosto, expliquei super bem para os professores, eles aceitaram de boa, jamais tive nenhum problema com os professores. Quanto aos alunos, também tive que explicar para eles, também nunca tive nenhum problema com eles.

O que me irrita é que os professores foram atrás de mim quando estavam caminhando na sala de aula, acho meio sacanagem porque os professores esquecem de mim que sou implantada e faço leitura labial. Chamei várias vezes para eles ficarem na minha frente, me pediram uma desculpinha. Infelizmente, os professores da universidade sempre esquecem de sistema FM. O pior é eles saírem da sala de aula, foram pro banheiro ou conversar com alguém mesmo usando. Se for para o banheiro, o sinal de distância dê chiado. É horrível ouvir os chiados.

Uma coisa que jamais esqueço: uma professora estrangeira recebeu a ligação do celular, que era mãe dela, daí saiu da sala, eu ouvi ela estava falando em espanhol. É incrível, não é? Sem dúvida que ela sempre esquece que estava usando o transmissor.

Quando as pilhas acabam, eu troco e aviso aos professores que preciso ligar ele novamente para diretamente para Freedom. Nunca tive problema.

Gostei do SmartLink+, o melhor resultado é o som bem limpinho.

Leve, recarregável e tem entrada de áudio para TV/notebook/Ipad/Stmartphones. A minha experiência com o SmartLink+ foi a melhor compreensão de fala que elimina o ruído do ambiente. Bem melhor que o Easy Listener, sem dúvidas!

Para o uso do Sistema FM na faculdade, realmente é meio complexo, pois tem muitos docentes que não conhecem o dispositivo de sistema FM, ou pensam que é um gravador. Quando eu era graduanda do curso de Relações Internacionais na UFSM/UFSC, aconteceu de alguns professores não serem avisados ou de não comparecerem à reunião com a coordenadoria.

Também certo dia uma professora foi segurar o Sistema FM e acabou derrubando no chão. Dessa vez não tive sorte, porque começou um chiado alto na transmissão. Mandei para uma assistência técnica, o valor de manutenção era caríssimo. Algumas semanas depois, voltei a usar o sistema FM, mas o chiado continuou, não ficou tão bom quanto deveria após a manutenção.

Vou contar minhas próprias experiências das reuniões em conjunto com os professores:

Na época, ainda não existia Núcleo de Acessibilidade na UFSC. Então, entrei em contato diretamente com a responsável da UFSC, e a mesma comunicou a coordenadora. Eu tive sorte em encontrar pessoas como elas, excelentes profissionais, que se preocuparam em me ajudar e receber bem. Mas, infelizmente, sabemos que ainda não é a realidade de algumas instituições. Houve mudanças na coordenação, e todos me respeitaram, assim como meus direitos.

A primeira reunião já foi um sucesso. Uma semana antes de começarem as aulas, a coordenadora avisou todos os professores sobre mim e a respeito da minha deficiência auditiva. Foi excelente.

Agora a UFSC já possui um Núcleo de Acessibilidade, que conta com vários profissionais dentre os quais: fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos, que fazem reuniões com os professores sobre qualquer deficiência, seja auditiva, visual, física etc.

Uma péssima experiência que tive aconteceu com um professor substituto. Ele não me retornou por e-mail, então fui conversar com ele no término da primeira aula. Expliquei a respeito da minha deficiência auditiva, e fui clara sobre o dispositivo de sistema FM. Ele pensou que era um gravador, não conhecia nada sobre Implante Coclear e Sistema FM. Ele foi chamado pelo Núcleo de Acessibilidade, e disse ter sido pego de surpresa sobre o dispositivo, segundo a fonoaudióloga.

Vou dar as minhas orientações, vamos lá, seguinte:

1) Para quem é estudante de faculdade, tanto na rede particular como na pública, é necessário entrar em contato com a Acessibilidade e pedir para convocar o(a) coordenador(a) para uma reunião bem antes do início das aulas. Esse departamento existe justamente para facilitar a comunicação e adaptação do(a) aluno(a) com os professores.

2) Se não houver Núcleo de Acessibilidade em sua instituição de ensino, e/ou o coordenador não te receber, tente procurar diretamente os e-mails dos professores de seu curso. Combine um horário com cada um, pode ser no início das aulas. Eu fiz assim no início, e deu tudo certo. Todos os professores foram bem tranquilos comigo, eles entenderam meu direito;

3) Se o professor se recusar a usar, provavelmente, houve falha na comunicação. Explique que não é um gravador de voz, mas sim apenas um sistema que vai lhe ajudar a compreender melhor suas palavras, que com o tempo se acostumará ao uso do microfone e que é um recurso necessário para o seu bom entendimento da aula;

4) Quando precisar fazer trabalho em grupo com colegas em sala de aula, é só explicar para eles que o sistema FM te ajuda bastante e, caso demonstrem interesse, explique como funciona. Com certeza ficarão tranquilos.

Em minha primeira aula prática da autoescola, eu ainda era usuária de implante coclear unilateral. Foi difícil entender a instrutora. Meu IC ficava no ouvido esquerdo, então minha audição priorizava os sons da rua, como barulho de moto, de caminhão, de ônibus, de carro. Como a instrutora se sentava à direita, além de ser difícil ouvi-la, eu também não podia virar para ler seus lábios, pois tinha que prestar atenção na rua.

Mas a partir da segunda aula já levei meu sistema FM, e felizmente funcionou perfeitamente. Também usei-o durante a prova prática. Foi excepcional.

Está recomendadíssimo o uso do sistema FM para aulas práticas de autoescola!

3. Mini Mic 2+ e Phone Clip, fabricados em 2013:

Finalmente me livrei de cabos de áudio após 21 anos – atualmente uso Mini Mic 2+ e Phone Clip:

Vou contar a melhor experiência que tive: mesmo não usando Nucleus 7, selecionei as músicas pelo app Spotify com Phone Clip, deixei ele na mesa da sala de jantar e fui lavar as louças na cozinha escutando as músicas sem cair o sinal e sem chiado!

Também quando estava vendo vídeos de aulas online, deixei o Mini Mic 2+ no quarto e fui ao banheiro. Por incrível que pareça, deu para ouvir, mesmo o sinal estando fraco!

O Phone Clip é super prático de usar. Permite falar ao telefone sem precisar o celular. FIz caminhadas com o Phone Clip na minha mochila, enquanto ouvia as músicas pelo app Spotify. É incrível.

Ambos são excelentes, eu estou amando! Cansei de usar fones supra-auriculares e também o cabo de áudio com o SmartLink+